O pedido para a publicação de cartilha sobre plantas medicinais veio dos professores, após a realização de atividades com os estudantes e os mais velhos da aleia durante dois anos

 
Crédito: Carlos Penteado

 

Professores, alunos, jovens e mais velhos. Todos envolvidos em uma atividade que visa valorizar a cultura Tupi-Guarani e ao mesmo tempo ensinar aos mais jovens toda a riqueza desta cultura. Foi assim que o professor Devan Kawin definiu a elaboração da cartilha sobre plantas medicinais: Ywyrá Rogwé –  Ywyrá Rapó (Folha e raízes que curam: resgatando a medicina tradicional Tupi-Guarani).

 

 

 

A produção da Cartilha foi uma solicitação dos professores da Aldeia Piaçaguera, uma das cinco aldeias da Terra Indígena Piaçaguera,  à Comissão Pró-Índio de São Paulo. Os indígenas tinham o anseio de publicar o resultado das atividades realizadas ao longo de dois anos com alunos de diferentes idades. “Este trabalho é muito importante para que as crianças conheçam a sua cultura e para termos um registro, não queríamos que ficasse só dentro da sala de aula por isso foi fundamental contar com o apoio da Comissão Pró-Índio”, disse o professor Luan Apyka. 

 

 

 

As atividades fazem parte de um processo de “resgate cultural” e “fortalecimento da cultura”, de acordo com os professores. Para pensar a sua cultura e melhorar a circulação dos conhecimentos entre as pessoas da aldeia, inclusive os mais velhos. “Esta publicação é importante para mostrar que ainda temos essa cultura, que não perdemos”, avalia Devan.

 

 

 

Para a produção do conteúdo, os professores trabalharam o tema durante as aulas. As crianças foram  diversas vezes até áreas próximas a escola, acompanhados do pajé Guaíra e de outros mais velhos, que são os maiores conhecedores do assunto da aldeia, para conhecerem as plantas de fácil acesso e como utilizá-las. A importância de não fazer as receitas sem a presença de um adulto, foi frisada constantemente durante as atividades.

 

 

 

A Comissão Pró-Índio de São Paulo realizou uma expedição fotográfica com os mais velhos e as crianças para registrar as plantas, material que será utilizado na cartilha. Além disso, realizou também uma oficina com profissionais de designer para que os índios escolhessem como será a publicação e pensassem os usos didáticos que o material poderá ter.

 

 

 

A publicação desse trabalho vai ajudar na divulgação desse conhecimento internamente, atingindo também as pessoas de fora da escola. Além de ser um material escolar mais adequado ao modo de vida Tupi, mais do que aqueles utilizados por nós”, explica Otávio Penteado, assessor de projetos da Pró-Índio.

 

Para a realização deste trabalho, a Pró-Índio conta com apoio financeiro da DKA-Áustria, Christian Aid e Size of Wales.