Fonte: Estadão
A pandemia gerada pelo novo coronavírus assolou o mundo no início de 2020 e seu enfrentamento revelou desafios complexos para países em todo o globo, dentre eles o Brasil, cujo número de óbitos ultrapassou a marca de seiscentos mil até dezembro de 2021. Diante desse contexto, as comunidades indígenas e indigenistas, consideradas vulneráveis, precisaram se articular para o enfrentamento da pandemia.
A resposta dessas comunidades à crise foi tema da pesquisa apoiada pelo projeto Conexão Local (FGV-EAESP) e realizada por Paola de Angelis, Pedro Peria, Sophia Veronesi e Teresa Harari. Na análise, eles investigaram os efeitos da pandemia de COVID-19 sobre os povos indígenas de duas comunidades situadas em São Paulo (SP) e São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas. Entre seus importantes achados, estão sugestões de como melhor abordar esta importantíssima questão por meio do poder público, organizações e sociedade civil.
De acordo com os pesquisadores, se por um lado, a chamada ‘questão indígena’ é foco de atenção do Estado brasileiro desde o início da República, por outro, são poucos os estudos no campo da Administração Pública e Políticas Públicas que problematizam essa temática, afirmam. A metodologia de pesquisa contou com uma revisão bibliográfica com o objetivo de inventariar os principais estudos teóricos e empíricos na área da saúde
indígena; pesquisa documental, a fim de analisar os contratos e convênios firmados entre organizações e Governo Federal; e entrevistas semi -estruturadas para se obter informações de primeira ordem sobre o atual estado da arte da saúde indígena e das parcerias que a conformam. Apresentamos um estudo de caso baseado nas experiências de agentes e organizações voltadas à saúde indígena nos municípios de São Paulo e São Gabriel da Cachoeira.
Realizar uma pesquisa como essa na pandemia foi um desafio: “Não se deve esquecer que a pesquisa foi construída durante a pandemia da COVID-19, fato que se reflete tanto no desenho metodológico do estudo quanto nas discussões teóricas levantadas”, afirmam os autores. Os resultados mostraram que se a garantia de direitos básicos já era árdua em tempos de normalidade, o cenário se deteriorou na pandemia. Não era desconhecido para entidades indígenas e indigenistas que consequências relativas à capacidade de resposta do Governo afetariam os povos indígenas.
Neste episódio do Podcast Impacto, os autores compartilham detalhes sobre o estudo e revelam aprendizados que demonstram o resultado positivo dessas comunidades no enfrentamento à pandemia: “Os casos podem indicar caminhos pelos quais as parcerias entre poder público e entidades da sociedade civil podem ser construídas no sentido da garantia do direito à saúde e à participação do indígena na execução de políticas públicas”, declaram.
Você pode acessar o relatório completo da pesquisa assim como o episódio no Podcast Impacto clicando aqui.