Atividade turística tem o papel de gerar renda, aumentar o controle dos indígenas sobre o território e incentivar a retomada de práticas e conhecimentos tradicionais.

A publicação Terra Indígena Piaçaguera – Turismo como movimento de resistência acaba de ser lançada para apresentar um diagnóstico sobre o turismo promovido pelos e pelas indígenas deste território, localizado em Peruíbe, litoral de São Paulo. O estudo foi elaborado pela Comissão Pró-Índio de São Paulo e lideranças indígenas, com assessoria da Associação Garupa.

O turismo é considerado pelos e pelas indígenas atividade fundamental para geração de renda e valorização da história e cultura dos Tupi Guarani.  A publicação apresenta também aspectos da atividade que devem ser aprimorados para ampliar sua sustentabilidade e fortalecer a articulação entre as diferentes aldeias.

“Com esse estudo em mãos a gente pode apresentar para os parceiros e dizer: ‘este é o trabalho que a gente desenvolve’. Agora já sabemos quais são os pontos fortes, os pontos fracos, em toda a Terra Indígena, não só de uma comunidade, não só no individual para minha aldeia, mas para o coletivo”, diz Tenondegua, liderança da Aldeia Tapirema.

“Achei valioso esse processo do diagnóstico e o modo como ele está composto, de transformar a fala, o que eu disse, num entendimento melhor para que eu possa apresentar o trabalho. O turismo traz movimento de resistência para nós. Então, gratidão”, complementa Itamirim Tupi-Guarani, liderança da Aldeia Tabaçu Reko Ypy.

Desafios e benefícios do turismo na T.I. Piaçaguera

Elaborada para proveito das moradoras e aos moradores do território indígena, a publicação não apenas elenca as atividades turísticas já realizadas, como faz recomendações para o futuro. Tudo a partir de entrevistas com lideranças indígenas e atores não indígenas (parceiros do turismo na TI Piaçaguera, representando os setores público, privado e terceiro setor).

Terra Indígena Piaçaguera, em Peruíbe-SP (Foto: Carlos Penteado)

Por meio do turismo, apontam as lideranças, é possível ampliar a gestão do território ordenando a entrada de terceiros, protegendo recursos naturais e contribuindo para coibir invasões. Assim, consegue-se combinar a geração de renda com o controle do acesso de visitantes externos à TI, por exemplo.

Já entre as recomendações para o futuro, feitas pela Associação Garupa, estão a articulação entre as aldeias para integrar as atividades de cada uma, e a ampliação da gestão Territorial e Ambiental da TI – o que vem sendo feito com a criação do Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA), atualmente em andamento.

“O trabalho ficou ótimo, muita coisa que a gente não pensava e vocês trouxeram, vai ajudar a gente a melhorar”, diz Lilian Tupã Rendy, liderança da Aldeia Piaçaguera.

Parceria Comissão Pró-Índio e TI Piaçaguera

A Terra Indígena Piaçaguera conta com 12 aldeias, que abrigam 363 indígenas Tupi Guarani em uma área de Mata Atlântica preservada em meio a uma região litorânea bastante urbanizada, no município de Peruíbe (SP). A TI ocupa uma área de 2.773,7978 hectares.

A publicação “Terra Indígena Piaçaguera – Turismo como movimento de resistência” compõe o conjunto de iniciativas da Comissão Pró-Índio de São Paulo em apoio à gestão territorial da TI Piaçaguera. Em outra frente destas ações, está em andamento a elaboração coletiva do PGTA para a Terra Indígena.

Oficinas de formação e sensibilização sobre o PGTA estão sendo realizadas nas aldeias da TI, e um material informativo já foi elaborado para ajudar a disseminar o processo.

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