Cerca de 50 lideranças quilombolas e indígenas discutiram as potencialidades e os riscos do turismo de base comunitária em sua região, no Norte do Pará
Foto: arquivo CPI-SP
Entre os dias 15 e 16 de fevereiro, os integrantes da Aliança Indígena e Quilombola de Oriximiná participaram da atividade de formação sobre turismo comunitário promovida com o apoio da Comissão Pró-Índio de São Paulo e do Iepé – Instituto de Pesquisa e Formação Indígena.
Lideranças de três Terras Indígenas e sete Terras Quilombolas dos Municípios de Oriximiná e Óbidos tiveram a oportunidade de conhecer as experiências de turismo de base comunitária desenvolvidas pela Comunidade Coroca (no Projeto de Assentamento Extrativista Lago Grande, Santarém, Pará) pela Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (no Rio Negro, Amazonas). Os testemunhos subsidiaram a reflexão das lideranças sobre as oportunidades e os desafios para implantação do turismo nos territórios indígenas e quilombolas no Norte do Pará.
Experiências de Turismo Comunitário
Neida Maria Pereira Rego, professora e artesã da Comunidade de Coroca, relatou como foi o processo para implantação do turismo em sua comunidade iniciado em 2000 apontando a importância da união da comunidade, das capacitações promovidas como o apoio de parceiros e da adoção práticas sustentáveis. E destacou “na nossa comunidade a gente continua fazendo farinha e pescando. A gente não tem que esquecer os nossos valores e princípios”.
Foto: Neida Maria Pereira Rego, professora e artesã da Comunidade de Coroca (arquivo CPI-SP)
Marivelton Rodrigues Barroso, presidente da FOIRN, compartilhou a experiência de sua organização com a estruturação do Circuito de Turismo Indígena no Rio Negro que abrange o turismo de pesca esportiva e o turismo de experiência (aventura e cultura). Marivelton destacou inicialmente que as atividades de turismo devem ser planejadas de forma integrada com a gestão ambiental e territorial das Terras Indígenas e alertou que “tem que começar com pouco para poder ir crescendo” com segurança.
O presidente da FOIRN também destacou a importância de as organizações indígenas contarem uma rede de parceiros “porque tem uma série de regras e legislação que a gente não conhece”. E, por fim, apontou a necessidade de diálogo com as empresas do setor de turismo para conhecer todo o processo.
Foto: Marivelton Rodrigues Barroso, presidente da FOIRN (arquivo CPI-SP)
Próximos Passos
O encontro foi finalizado com a definição das prioridades para continuidade das iniciativas da Aliança Indígena Quilombola de Oriximiná no tema do turismo de base comunitário.
Há previsão de capacitações e de realização de diagnósticos a fim de que a aliança possa construir propostas concretas para a implantação de novos empreendimentos de turismo nas Terras Indígenas e Quilombolas, para o ordenamento do turismo que já ocorre na região de forma não sustentável e para a definição de um plano de turismo comunitário e sustentável para Oriximiná.
Juventino Kaxuyana, presidente da Associação dos Povos Indígenas Kaxuyana, Tunayana e Kahyana avalia positivamente a reunião “nós estamos avançando com as nossas discussões. Nessa reunião, teve melhor entendimento do povo, começaram a entender os problemas e as dificuldades do turismo. Então eu acho que avançamos”.