Na segunda reunião do Grupo de Trabalho que planeja o novo cardápio para a alimentação nas escolas da TI Piaçaguera, foram apresentadas as propostas dos educadores indígenas. “Estamos pensando na qualidade de vida dos alunos e da comunidade. Aquilo que se aprende na escola vai para casa”, Tawdju Santos, professora da Escola Estadual Indígena Aldeia Piaçaguera

 

 

Escola Estadual Indígena de Piaçaguera Foto: Carlos Penteado

Mais um passo foi dado rumo a uma merenda mais adequada, saudável e saborosa nas 5 escolas da TI Piaçaguera, no litoral sul de São Paulo.  No dia 20 de maio, aconteceu a segunda reunião do Grupo de Trabalho que tem como objetivo a elaboração de novos cardápios e diretrizes para a alimentação nas escolas da Terra Indígena Piaçaguera. As lideranças e educadores indígenas apresentaram as suas demandas de mudança às nutricionistas responsáveis pela elaboração dos cardápios.

As demandas foram organizadas em 5 eixos principais: Café da Manhã mais reforçado; Alimentação Saudável e de Qualidade; Alimentação mais variada e respeitando a sazonalidade; Alimentação Diferenciada; e Contínuo Diálogo sobre o Cardápio. A partir desses eixos, foi definido aquilo que se quer e o que não se quer para os cardápios.

Para o café da manhã, considerado pouco nutritivo e saudável pelos indígenas, a proposta foi substituir a bebida láctea e as bolachas do cardápio atual, por alimentos como beiju, mandioca, tapioca, suco natural, e frutas como melão, mamão, maçã.

No eixo Alimentação Saudável e de Qualidade, foi solicitada a inclusão de mais alimentos provenientes da agricultura familiar, além da retirada de embutidos e alimentos ultra processados, como salsicha, linguiça e steak de frango, muito salgados e gordurosos.

A alimentação diferenciada apareceu em dois aspectos: a necessidade de inclusão de alimentos de sua cultura alimentar, como batata doce, milho e mandioca, durante toda a semana e em diferentes preparos; mas também a necessidade da inclusão estar aliada a atividades na escola que envolvam as crianças, o que os índios chamaram de “pedagogia na culinária”.

Foto: Arquivo CPI-SP

Para a próxima reunião, as nutricionistas ficaram com a tarefa de trazer propostas de cardápios que utilizem como base o apresentado pelos indígenas.

Entenda o caso
Há mais de 12 anos os indígenas de Piaçaguera reivindicam melhorias na alimentação escolar, composta por uma variedade de alimentos ultra processados, de baixa qualidade e pouco variados, além de não respeitar seu direito a um cardápio adequado a sua cultura alimentar.

A proposta de criação de um GT foi o encaminhamento compactuado na Roda de Conversa – Discutindo a Alimentação Escolar em Piaçaguera, realizada em setembro de 2015 na terra indígena Piaçaguera. Estiveram presentes representantes do FNDE, da Prefeitura de Peruíbe, da Secretaria Estadual de Educação, da Funai e da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI).

O GT procura promover um novo espaço de diálogo com o poder público e de construção conjunta, após uma avaliação de que este procurava continuamente se esquivar de realizar as alterações solicitadas nos cardápios ou as realizando sem participação dos indígenas. Fazem parte do GT além das lideranças e professores indígenas, a Secretaria Estadual de Educação de São Paulo, a Secretaria Municipal de Educação de Peruíbe, a Funai e a Comissão Pró-Índio de São Paulo. A primeira reunião do grupo aconteceu em abril de 2016.