A covid-19 tem mudado drasticamente a vida nas aldeias indígenas do estado. O isolamento social altera o cotidiano das comunidades, impacta a renda das famílias e também compromete a educação nas escolas indígenas fechadas em função da crise sanitária. “São muitas as dificuldades enfrentadas com essa nova modalidade de ensino à distância, principalmente para a educação indígena, onde muitos alunos não têm internet e também não têm o aparelho para assistir as aulas”, explica o cacique e professor Eder Candido de Lima, da Terra Indígena Barão de Antonina, no interior paulista.
A preocupação de educadores e professores só aumenta com a reabertura das escolas. O governador de São Paulo, João Doria, anunciou a retomada gradual das aulas presenciais em todos os níveis de ensino das redes pública e particular a partir do dia 8 de setembro, o que tem suscitado intenso debate e críticas de diferentes setores da sociedade.
Para a professora indígena Cristine Takuá, não faz sentido pensar na volta às aulas em um momento em que as aldeias ainda estão lidando com a pandemia. Ela lembra que professores que moram na cidade “vão voltar a entrar nas aldeias e isso muito é grave porque o vírus pode entrar junto”, destaca Cristine que integra o Fórum de Articulação dos Professores Indígenas de São Paulo.
“Sem dúvida, o retorno dos alunos nas escolas indígenas é um desafio e preocupa” pondera Lúcia Andrade, coordenadora da Comissão Pró-Índio. “É preciso assegurar um debate amplo com participação de educadores indígenas, lideranças, especialistas da área de saúde e gestores para definir os protocolos e o momento adequado do retorno, considerando a evolução da pandemia em cada Terra Indígena e em cada município onde ela está situada”.
Questionada pela Comissão Pró-Índio, a Secretaria de Educação estadual declarou que “a reabertura só deve ocorrer a partir de critérios estabelecidos pelo Centro de Contingência, garantindo a segurança aos alunos, professores e servidores da rede pública de ensino e que estão sendo elaborados critérios específicos para a volta das escolas indígenas, conforme suas especificidades”. Mas não forneceu maiores detalhes sobre como se dará o processo de definição dos protocolos específicos para as escolas indígenas e nem sobre prazos.
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