Quilombolas se reuniram nos dias 27 e 28 em Santarém para planejar as ações de 2014
Com o objetivo de planejar as ações para 2014, o Fórum Quilombola do Baixo Amazonas realizou sua primeira reunião deste ano em Santarém, nos dias 27 e 28 de março. As dificuldades que as comunidades enfrentam para acessar políticas públicas apareceu como um dos principais desafios a serem enfrentados este ano.
Ao todo 26 pessoas, entre jovens, mulheres e homens, participaram do encontro vindos de diferentes comunidades de Monte Alegre, Óbidos, Oriximiná, Prainha e Santarém. A ONG Terra de Direitos, parceira da Comissão Pró-Índio nesta iniciativa, também participou do encontro.
Para Lúcia Andrade, coordenadora da Comissão Pró-Índio de São Paulo, o Fórum é uma oportunidade para os quilombolas do Baixo Amazonas trocarem experiência e se articularem para reivindicar políticas públicas.
Esta é a terceira edição do Fórum, criado em abril de 2013 com o objetivo de somar forçar e reunir as comunidades quilombolas do Baixo Amazonas. “É uma troca de experiências que nos fortalece para reivindicar nossos direitos. Este é o único espaço que temos para se reunir com tantas comunidades diferentes. O bom é que esse Fórum é nosso, a gente pode expor o que queremos”, avalia Heloína Maria dos Santos da Cruz, comunidade de Pérola do Maíca, em Santarém
Além do acesso às políticas públicas, a necessidade de mais informações e transparência sobre os processos titulação e geração de renda apareceram como prioridades para serem trabalhadas este ano. Para Benedito Souza da Silva, de 55 anos, Comunidade de União São João, no município de Prainha, o Fórum é “uma oportunidade para discutir as nossas prioridades, principalmente o acesso à políticas públicas. Este tipo de encontro facilita para juntar as ideias e conhecer os nossos direitos.”
Entre os principais problemas enfrentados pelas comunidades quilombolas estão diferentes tipos de invasões de suas terras por madeireiros, garimpeiros e mineradoras. O grupo de jovens presentes no encontro destacou a questão da Educação, reivindicando cotas para os quilombolas e cursos técnicos nas comunidades como demandas importantes a serem atendidas.
Entre as vitórias lembradas durante o Fórum a suspensão dos trabalhos da Mineração Rio do Norte em terras quilombolas de Oriximiná apareceu com destaque entre as falas. Já a questão da merenda escolar foi comentado como uma conquista para algumas comunidades, enquanto que para outras aparece como um desafio, com um cardápio que não contempla produtos mais saudáveis e que fazem parte do hábito alimentar das comunidades.
“O Fórum é um espaço que fortalece uma luta que é de todos. É importante ter momentos como esse para dar visibilidade as nossas reivindicações, são raros momentos como esse. A luta é a mesma de outros parceiros. Parabéns para a Pró-Índio que torna possível essa função que tanto fortalece a luta”, disse Rosimar Santos, 27 anos, da Comunidade de Saracura, em Santarém.
A reunião do Fórum foi viabilizada com o apoio de ICCO e Christian Aid.