Fonte: O Liberal

Indígenas, quilombolas, ribeirinhos e outras populações tradicionais da Amazônia denunciam há décadas a violação de seus direitos no processo de implantação de grandes empreendimentos. Para esses povos, a degradação dos recursos naturais provocada por esses projetos leva a perdas territoriais, humanas e culturais, que se aproveitam da vulnerabilidade social a que esses grupos estão expostos, intensificando um processo denominado de racismo ambiental. Nesta entrevista, Nazaré Rebelo, doutora em Ciências Sociais com ênfase em Antropologia e autora de uma tese sobre o tema, explica o que caracteriza essa problemática e que fatores intensificam sua ocorrência na região.

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De que forma o racismo ambiental se manifesta na prática na realidade amazônica?

Temos notórios exemplos, como: Belo Monte, Tucuruí, a Transamazônica, a extração de bauxita em Oriximiná, garimpo ilegal, dentre outros, aqui no Pará. Irei me deter à extração de bauxita. Essa extração existe há cerca de 4 décadas, mas a mineração ocorre no interior de uma Unidade de Conservação, onde vivem comunidades quilombolas e ribeirinhas. De acordo com a Comissão Pró-Índio, a floresta está em disputa, haja vista que a exploração mineral em Oriximiná impulsiona a destruição de florestas que, até então, eram fonte de alimento e renda de diversas famílias quilombolas e ribeirinhas.