Fonte: Aupa
Os povos originários brasileiros estão sofrendo duplamente, seja pela quarentena, seja pelos riscos de invasão territorial e pela falta de recursos para a sobrevivência. Aupa conversou com indígenas de diversas regiões do país, com o objetivo de tentar traçar um retrato sobre o dia a dia dessas populações durante a quarentena.
Assim, buscou-se também mapear as ações que vêm sendo tomadas por organizações, como o Cimi (Conselho Indigenista Missionário) e a Comissão Pró-Índio de São Paulo, bem como por pessoas físicas e pelos próprios indígenas para reduzir os riscos de contágio e dar assistência aos indivíduos destas populações que estão privados de suas atividades econômicas – afinal, muitos sobrevivem da venda de artesanato ou de frutas e verduras. Mas, para além dos riscos trazidos pelo vírus, os indígenas vivem outras ameaças, como a fome, a retirada de territórios e o risco de privatização dos recursos naturais.
A plataforma Covid-19 e os Povos Indígenas, idealizada pela articulação dos Povos Indígenas do Brasil e Mobilização Nacional Indígena, com apoio da Mídia Ninja, do Projeto Xingu, do Projeto Amazônia e da Abrasco, mantém dados atualizados sobre a situação de cada um dos povos indígenas, como os dez mais ameaçados pelo Coronavírus. E, entre eles, estão a Terra Indígena da Barragem, localizada na região de Embu Guaçu; a Terra Indígena Yanomami, no Amazonas; e a Terra Indígena do Jaraguá, localizada na cidade de São Paulo.
Roberto Liebgott, missionário e coordenador do Cimi na região Sul do Brasil, reforça que “Neste período, percebe-se um avanço dramático de invasores dentro dos territórios indígenas”. O missionário cita ainda casos dramáticos, como o do Povo Guarani, em São Paulo: “No Pico do Jaraguá, mais de 300 pessoas já foram afetadas, com dois óbitos. Medidas não vêm sendo adotadas por conta da política de incentivo às invasões territoriais e da negação da doença por parte do Poder Público”.