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Indígenas Guarani produzem material sobre mudanças climáticas
Professores superam a dificuldade de escrever em Guarani, língua que tem a grafia recente, e produziram a Cartilha Mudanças Climáticas e o Povo Guarani. Este é o primeiro material feito pelos professores indígenas da Aldeia Tenonde Porã. A cartilha, realizada pela Comissão Pró-Índio de São Paulo com apoio de DKA-Áustria, Programa DTAT/ICCO e CAFOD, foi lançada na aldeia Tenondé Porã, em Parelheiros, São Paulo, no dia 15 dezembro.
Crédito: Carlos Penteado
Em 2012, os professores que participaram da elaboração da cartilha irão ministrar oficinas em outras aldeias Guarani no Estado de São Paulo para replicar o conhecimento, de acordo com Lúcia Andrade, coordenadora executiva da CPI-SP. “O trabalho não acabou, além de usar nas escolas desta aldeia, o nosso plano é visitar outras aldeias Guarani no Estado para que eles comecem a discutir este assunto, que é muito importante.”, disse Lúcia. O desafio foi lançado aos professores, que devem construir a metodologia com apoio da organização, durante o lançamento do material.
Os professores do Centro de Educação e Cultura Indígena (Ceci da rede municipal) e da escola estadual da aldeia consultaram Pedro Vicente , 68 anos, um dos conselheiros locais, para elaborarem a cartilha. Por meio de conversas, Pedro transmitiu aos professores s a visão dos Guarani sobre as mudanças climáticas. “O homem está destruindo a terra, a pedra, a água, tudo. Antigamente não tinha isso não, no Brasil inteiro estão fazendo asfalto”, reclama Pedro. O ancião conta que “em tudo que se modifica, as pequenas coisa na cidade, tem consequência em todo lugar”. “Por isso tem terremoto, tem enchente”, acrescenta Pedro.
O conselheiro participou do lançamento da cartilha, ao lado de todos os professores da aldeia, onde vivem 110 famílias, cerca de mil pessoas. “Sempre ouvíamos falar e não entediamos o que era essa tal de Mudanças Climáticas e com esse trabalho temos um entendimento melhor, podemos falar a visão dos Guarani sobre isso”, conta Adriano Veríssimo Lima, coordenador educacional do Centro de Educação e Cultural Indígena (Ceci).
De acordo com Helena Dibiasi, da Funai regional Sudeste, o resultado do trabalho é um ganho para a comunidade Guarani. “Eu acompanho esta aldeia há muitos anos, é com muita alegria que vejo as escolas, os professores e a produção de material por parte deles. É um momento histórico para a comunidade”, disse Helena durante o lançamento.
Crédito: Carlos Penteado
Os professores tinham dificuldade de encontrar material para trabalhar em sala de aula sobre o tema. “Estamos muito satisfeitos com o resultado, não teria dado certo se os professores não tivessem se dedicado tanto”, conta Carolina Bellinger, que prestou assessoria educacional aos professores na aldeia.
Para o professor estadual Osmar Veríssimo, que participou da elaboração da Cartilha, é importante que a comunidade reflita sobre as mudanças que estão ocorrendo na natureza. “Hoje existem mudanças é importante pra comunidade entender o porquê disso”, conta. O professor explica que o cotidiano Guarani é baseado na natureza e as mudanças são sentidas no dia-a-dia. “Agora temos o material para explicar para as crianças sobre o tema, com linguagem bem simples”, disse Osmar durante o lançamento.