28 mulheres quilombolas de Oriximiná e Óbidos estiveram reunidas para refletir sobre os desafios para assegurar a igualdade de gênero nas suas comunidades e associações.
“Às vezes fica difícil para mulher. Ela tem que trabalhar, tem que cuidar dos filhos e ela não se sente à vontade para se destacar para sair. O homem tem mais tempo livre”, Izabel, 53 anos, Comunidade Patauá do Umirizal (Óbidos).
“Muitos pensam que as mulheres não podem ser presidente. Eu não concordo que mulheres não têm participação. Na nossa área, tem muita participação de mulher”, Rosenilza, 40 anos, Comunidade Serrinha (Oriximiná).
“Lá na nossa área é só homem à frente da associação. Só tem uma mulher à frente da secretaria. Eu mesma fui escolhida coordenadora de comunidade e muita gente ficou falando. Meu tio mesmo disse que eu não era boa mulher, que coordenador tem que andar muito, que tem muito homem por aí. No começo meu marido não me apoiava, mas ele foi aceitando”, Raimunda, 33 anos, Comunidade Tapagem (Oriximiná).
“Isso é sobre autoestima. Ver que nosso sofrimento e nossas dores não são só nossos, nos deixa com a autoestima lá em cima. E com a esperança de que, ainda que seja difícil, a gente possa titular a nossa terra” Cleuciana, 30 anos, comunidade Abuí (Oriximiná).
“Vou levar daqui uma coragem que eu não tinha antes, como de assumir um cargo na associação. Obtive mais conhecimento e isso me deu ainda mais coragem de ir e levar essas coisas para minhas amigas que ainda não têm essa coragem” Ana Maria, 40 anos, Comunidade Nossa Senhora das Graças (Óbidos).
“Confiança, porque eu aprendi que podemos confiar em nós mesmas e nas outras mulheres, podendo colocá-las na frente”, Gerlane, 17 anos comunidade Tapagem (Oriximiná).
“Coragem. Para nós, mulheres, temos que ter coragem para enfrentar certas coisas que acontecem. Então vamos para a comunidade, e vamos dizer ‘vou ser coordenadora, vou conseguir’”, Rosenilza, 40 anos, Comunidade Serrinha (Oriximiná).
Foto: Comissão Pró-Índio de São Paulo |
“Aprendizado é tudo aquilo que vamos levar de bom, dentro de cada uma sei que terá um bom resultado desse aprendizado. A esperança também tem que estar conosco sempre”, Maria dos Anjos, 46 anos, Comunidade Castanhanduba (Óbidos).
“Informação. É a primeira vez que tive acesso a essa informação sobre as terras e sinto muita motivação. Que cada uma de nós sempre encontre mais motivação para vir aqui, para vencer a vergonha de falar e dizer o que pensamos”, Jocimara, 26 anos, comunidade Santa Rita (Oriximiná).