Fonte: Folha de São Paulo
Quando o cotidiano de uma comunidade é vivido de maneira coletiva, como o do povo indígena guarani em São Paulo, manter o distanciamento social para evitar a disseminação do coronavírus se torna mais complexo do que apenas seguir a recomendação de ficar em casa.
“O isolamento social é só ‘não sair de casa’ porque os não indígenas já vivem em caixinhas. A vida é cheia de caixinhas, então é só se trancar nos apartamentos que está tudo certo”, diz Tiago Karai, professor e um dos líderes da terra indígena (TI) Tenondé Porã, no extremo sul da capital.
Entre março e abril, o território com cerca de 600 habitantes e 532 hectares viu um crescimento acelerado de habitantes com sintomas da Covid-19, lembra Thiago. Para conter o contágio, a primeira estratégia adotada foi evitar sair das aldeias e não permitir a entrada de novas pessoas.
Com cerca de cem casos confirmados, um dos grande desafios no Jaraguá é a própria disposição das moradias. “As casas aqui na aldeia são muito pequenas e muito próximas. Além disso, elas geralmente são só de um cômodo e acomodam mais de quatro pessoas, sendo que muitas não têm janela, não têm quarto”, diz.
O Centro de Educação e Cultura Indígena (Ceci) Jaraguá foi então transformado em um espaço de isolamento para suspeitas e casos de Covid-19 para contribuir com a dificuldade de isolamento nas aldeias.