HISTÓRIA

Na Amazônia, a escravidão negra não foi tão expressiva em termos quantitativos quanto nas regiões açucareiras, mineradoras ou cafeicultoras. Todavia, mesmo dividindo o mundo do trabalho com o indígena, o negro constituiu parcela significativa da mão-de-obra, especialmente na agropecuária, nos serviços domésticos e nas atividades urbanas. Os escravos africanos foram trazidos ao Baixo Amazonas para servir de mão-de-obra nas fazendas de gado e cacau de Óbidos e Santarém a partir da segunda metade do século 18. Os historiadores acreditam que grande parte desses negros procedia do sudoeste/centro da África, predominando os da região Congo-Angolana, da etnia Bantu.

A formação dos quilombos deu-se nas primeiras décadas da expansão do cultivo do cacau. Assim, já em 1812 uma expedição punitiva destroçou quilombos na região. Até a Abolição, em 1888, várias ações repressivas foram organizadas pelos senhores brancos, resultando por vezes em fuga e abandono das moradias, por vezes em captura.

A história da resistência dos escravos do Baixo Amazonas está descrita em inúmeros documentos históricos: relatos de viajantes, ofícios e relatórios de autoridades. Está presente também na memória de seus descendentes. As histórias dos antigos, contadas até hoje, falam da dura vida dos negros nas fazendas e relatam as fugas e estratégias adotadas pelos fugitivos para sobreviver nas matas.

© Carlos Penteado

SAIBA MAIS SOBRE A HISTÓRIA DOS QUILOMBOS NO BAIXO AMAZONAS

Entre Águas Bravas e Mansas – Índios e Quilombolas em Oriximiná, 2015.

Comunidades Remanescentes dos Mocambos do Alto Trombetas (Oriximiná), 2000

Áreas das Cabeceiras – Terras de Remanescentes: Silêncio, Matá, Castanhanduba, Cuecé, Apuí e São José (Óbidos), 1999.

Bom Jardim, Murumurutuba, Murumuru, Tiningu, Ituqui, Saracura, Arapemã. Terras de Afro-amazonidas – “Nós já somos a reserva, somos os filhos deles” (Santarém), 2005