TRADIÇÕES, FESTAS E LAZER
O povo do quilombo é um povo alegre, que gosta de música e de dança. O canto está sempre presente em seu cotidiano e nas festas. Entre os quilombolas há um grande número de cantores e compositores, que relatam em suas músicas a vida, a luta e a esperança de seu povo.
As chamadas festas tradicionais são resultado de muitas influências: negra, indígena e católica. Assim, por exemplo, temos o Aiuê de São Benedito na Comunidade Jauari. A palavra aiuê, como explica o historiador Eurípedes Funes, significa festa em kimbundo. Realizada em 6 de janeiro, a festa é uma homenagem ao padroeiro da Comunidade Jauari: São Benedito. Nela a comunidade saúda o santo e as riquezas obtidas durante o ano. A fartura está simbolizada no mastro levantado para a festa, onde são amarrados diversos produtos da região. Na festa são entoadas as ladainhas em latim, conhecimento transmitido de geração em geração.
Entre as danças consideradas pelos quilombolas como parte de sua tradição estão o lundum, a valsa e a mazurca. O violino é o instrumento que acompanha tais danças. Outra tradição é a da desfeiteira. Os vários casais vão dançando pelo salão e, quando a música pára, um dos casais deve recitar um verso. Assim segue até que todos tenham recitado.
Mas não apenas as músicas tradicionais fazem parte do repertório quilombola. Como bons paraenses, eles são grandes apreciadores da música “brega”, que anima os bailes dançantes nas comunidades até o amanhecer. Nestas festas, são tocadas as músicas do momento por bandas da região. Os jovens do Erepecuru formaram o grupo “Encanto do Quilombo” que já ganhou fama em Oriximiná.
Além das festas, o lazer dos quilombolas inclui também o futebol, praticado tanto por homens quanto por mulheres. Em todas as comunidades existe um campo para a prática do esporte. Durante o ano são realizados diversos torneios, nos quais competem equipes de diversas comunidades do município, formadas por quilombolas e não-quilombolas. Outros divertimentos são o dominó, a televisão (nas comunidades que possuem gerador), a roda de conversas, de piadas e de cantorias. Há sempre uma história para contar e lembrar em meio a muito riso.