No novo episódio, conversamos com atingidos para saber como está a situação em Mariana e Brumadinho anos após os desastres das barragens da Samarco e da Vale.
Os desastres das barragens de mineração em Mariana e Brumadinho mostraram, a gravidade dos danos que essas estruturas são capazes de causar, tanto para o meio-ambiente quanto para quem vive no seu entorno.
Anos depois, como estão as situações das regiões onde os rompimentos aconteceram e das pessoas atingidas? Que lições ficam para outros locais onde há uma proliferação das barragens de mineração?
É disso que trata o novo episódio da Rádio da Pró-índio. Falam sobre o assunto Valéria Carneiro, agricultora e uma das atingidas pelo rompimento da barragem da Vale em Brumadinho; e Thiago Alves, da coordenação do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).
Rompimento de barragens gera danos imediatos e também duradouros
O rompimento da barragem da mineradora Samarco em Mariana, Minas Gerais, ocorreu no dia 5 de novembro de 2015. Já em 25 de janeiro de 2019, assistimos a mais um desastre com o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, também em Minas Gerais. As imagens da lama carregando tudo por onde passava chocaram o mundo, e traumatizaram para sempre os moradores da região.
“A gente ouviu esse estrondo e em seguida muita buzina. E depois um silêncio. Meu telefone tocou, era um agricultor vizinho gritando, pedindo socorro que a barragem tinha estourada e matado toda a família dele. E mandando a gente correr. A gente saiu e correr para onde, para que lugar?”, relembra Valéria Carneiro.
Os danos do rompimento das barragens são avassaladores no momento do desastre, mas também perduram no tempo – e se espalham por uma ampla área. Thiago Alves, do MAB, lembra que, no caso da Samarco, em Brumadinho, os danos no Rio Doce chegaram até o Espírito Santo. “Tanto essas famílias são atingidas como as outras milhares, que a centenas de quilômetros da barragem, tiveram esses danos. Os danos são múltiplos e são, digamos, permanentes, sempre sendo renovados”, diz.
E, como se não bastasse, as empresas responsáveis pelas barragens que romperam ainda dificultam as negociações de reparação, como afirma Valéria Carneiro. “Em dois anos e sete meses de crime, não teve uma audiência para tratar a questão da agricultura. Até hoje, os agricultores diretamente atingidos pela lama, onde a lama derramou foram ressarcidos. O restante não tem até agora um programa de retomada da agricultura”.
Para Thiago Alves, do MAB, é importante que os moradores da região se organizem para cobrar da empresa e das autoridades as medidas necessárias para garantir sua segurança. “Confiem em vocês mesmos, na sua forma de organização própria, construindo processos de organização autônomas, e afirmando para vocês mesmo com confiança que vocês têm o direito de dizer não à barragem. Isso é importante. Esse é o primeiro direito que vocês têm”, aponta.
Ouça o programa
A Rádio da Pró-Índio tem outros programas publicados sobre temas importantes para as comunidades quilombolas, indígenas e ribeirinhas. Eles são veiculados em rádios comunitárias de Oriximiná e Óbidos, no Pará, e também podem ser encontrados no Spotify e YouTube. Siga nossos perfis, ouça os episódios já publicados e acompanhe também os próximos. Para receber o áudio diretamente em seu Whatsapp, mande uma mensagem para (11) 94483.2410.
Confira abaixo o episódio completo:
Créditos
Texto: Rafael Faustino
Arte: Irmãs de Criação