Fonte: Instituto Butantan

Os moradores da aldeia Tapirema da Terra Indígena (TI) Piaçaguera, em Peruíbe (SP), apostaram na prevenção para evitar que a Covid-19 se alastrasse pelo seu território com notório êxito. Estes cuidados envolveram isolamento social, vacinação em massa e palestras de prevenção contra a doença, que resultaram em uma cartilha contra Covid-19 escrita em tupi-guarani em parceria com o Instituto Butantan.

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Para dar suporte no momento de isolamento, a Funai e a Comissão Pró-Índio, organização civil formada por antropólogos e advogados que fornece suporte jurídico e médico às comunidades indígenas, distribuíram máscaras e embalagens de álcool gel na aldeia, “apoio importante para os aldeados”, afirma Guaciane.

Mas para um povo que vive em comunidade como os indígenas, o isolamento foi uma mudança e tanto de vida, lembra a educadora indígena Nhandedjaryi Catarina Kunhã Numbopyruá, 71 anos, anciã da aldeia, onde até a cozinha é comunitária.

“Foi difícil não poder abraçar, não ficar todo mundo junto porque é da nossa cultura estarmos sempre reunidos. As crianças aqui ficam todas juntas. Quando tivemos um caso de Covid-19, que aconteceu quando a pessoa veio de Brasília, ela já ficou isolada desde que chegou e ninguém mais pegou”, diz Catarina.

O isolamento social também impactou diretamente na renda da aldeia, que vive do turismo ecológico e social, promovendo visitas temáticas e cursos de fitoterapia, além da venda de artesanato feito pelas indígenas. Sem as visitas e o pequeno comércio, os indígenas da Tapirema viveram à base de doações de cestas básicas enviadas pela Funai e pela Pró-Índio.