A paralisação das demarcações afronta os direitos de povos indígenas do norte a sul do País. A três homologações anunciadas pelo governo para o dia 20 de abril estão longe de representar a solução para o cenário de morosidade.
“A demora da demarcação traz muito problema porque enquanto a gente espera a demarcação, os que lutam contra os direitos indígenas estão lutando para derrubar nosso direito, invadindo como garimpeiros, pesquisas minerais e hidrelétrica, tudo isso traz problemas se demora muito. É por isso que a nossa esperança é que seja demarcada o mais breve possível porque tudo está praticamente parado” afirma Juventino Kaxuyana da Associação Indígena Katxuyana, Tunayana e Kahyana.
Índios de Oriximiná em manifestação pela demarcação de suas terras, Belém, 2013. Foto: Carlos Penteado |
Muito longe dali, na zona sul de São Paulo, os índios de Tenondé Porã também enfrentam a demora na demarcação de suas terras. O despacho de identificação foi publicado pela Funai em 2012, mas até hoje não foi assinada da Portaria declaratória pelo Ministério da Justiça.
Vale lembrar que presidenta Dilma Rousseff em seu primeiro mandato (de 2011 a 2014) homologou apenas 11 terras indígenas, a menor quantidade desde 1985. O governo federal anunciou que homologará na próxima segunda-feira (20), três terras indígenas na região norte do país: a TI Arara habitada por povos Arara e Juruna (município de Senador José Porfírio no Pará); a TI Mapari, habitada por índios Kaixana (municípios de Fonte Boa, Japurá e Tonantins no Amazonas); TI Setemã habitada pelo povo Mura (municípios de Borba e Novo Aripuanã no Amazonas). Essa boa notícia, porém, está longe de representar um indicativo de que o governo federal corrige a rota de paralisia e retoma o andamento dos processos de demarcação conforme determina a Constituição Federal.
Entrevista: Bianca Pyl
Texto: Lúcia Andrade