Encontro promovido em 19 e 20 de novembro de 2022 reuniu mais de 480 quilombolas na comunidade Silêncio

Foto: Osvaldo Melo

No último final de semana, mulheres e homens quilombolas se reuniram do município Óbidos, no Estado do Pará, para celebrar o Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro. Estima-se que mais de 480 pessoas estiveram reunidas na comunidade Silêncio, na Terra Quilombola Cabeceiras, para refletir sobre os rumos do movimento quilombola na região.

É muito importante porque fortaleceu e está fortalecendo cada vez mais as nossas comunidades, foi muito importante para a gente falar sobre união, avaliou Redinaldo Alves, liderança da comunidade quilombola Arapucu e coordenador de articulação da Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Município de Óbidos (ARQMOB).

Wanda Andrade, quilombola da comunidade Muratubinha, reforça a importância dos momentos culturais. “Na verdade, esse encontro foi muito bom, foi uma festa muito gostosa onde nós pudemos observar ali a alegria das pessoas, a expressão da nossa cultura por meio das folias, das danças. Foi um reencontro que a gente estava mesmo precisando.”

Cartaz do encontro

Trocas e alianças

O encontro, que teve como tema “Encontros de Reencontros”, contou com a participação de lideranças quilombolas do Município de Oriximiná, vizinho de Óbidos. Uma das coisas maravilhosas foi o encontro com alguns colegas que nós só conhecíamos pela telinha. Fizemos várias reuniões virtuais durante essa pandemia. Foi a vez da gente dar aquele abraço em nossos colegas, e olhar perto, conversar frente a frente. Então foi um momento muito bom, nós estávamos ansiosos por isso, celebra Wanda.

A gente foi buscar aliança lá fora. Saí muito fortalecido e inspirado para cada vez trabalhar melhor, comentou Osvaldo Melo, quilombola de Oriximiná, Coordenador de Programas Comunitários da Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombos Pancada, Araçá, Espírito Santo, Juquiri, Boa Vista do Cuminã, Varre Vento, Jarauacá e Acapu (ACORQE). E completa “Nós lutamos pelo mesmo objetivo, que é o nosso território. E eles abraçaram a nossa causa como nós abraçamos a causa deles. E eles ficaram muito interessados de conhecer o nosso território também.”

O que eu achei mais importante do encontro foram as informações que o encontro trouxe para dentro da comunidade, avaliou Cleuciele Santos, Secretária da Associação das Comunidades Remanescentes de Negros da Área das Cabeceiras (Acornecab) e moradora da comunidade do Silêncio, que recebeu o encontro. Clenildo Lopes dos Santos, vice Coordenador Administrativo da Acornecab, destaca o papel do encontro para o fortalecimento da comunidade “Eu acredito que o encontro fortalece porque o povo lembra o que é ser quilombola, creio que ele fortalece o povo, para saber quem nós somos”.

Ari Carlos Printes, Coordenador da Associação Mãe Domingas, do Território Alto Trombetas, de Oriximiná, ressalta a importância da troca “pra mim a importância do encontro foi o conhecimento, principalmente da comunidade. Eu nunca tinha ido em uma comunidade no Município de Óbidos”.

As associações quilombolas de Óbidos, promotoras do evento, contaram com apoio da Comissão Pró-Índio de São Paulo, Prefeitura de Óbidos e outras entidades para a realização do encontro.

Comunidade quilombola em Óbidos. Foto: Carlos Penteado

Amazônia Negra: Quilombolas em Óbidos e Oriximiná

As florestas dos municípios de Óbidos e Oriximiná, nesta porção da Amazônia paraense, são habitadas por cerca de 20 mil quilombolas, que habitam 55 comunidades distribuídas em 14 Terras Quilombolas.

Esses territórios são constituídos por grandes extensões de florestas e contribuem para a conservação da biodiversidade. Dentre as 14 terras quilombolas, 7 já se encontram tituladas e 2 parcialmente, somando 651.416,9334 hectares regularizados que representam 64% da dimensão já titulada para comunidades quilombolas em todo o Brasil.

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