Fonte: Gazeta Regional
Um grupo formado por 10 líderes indígenas – todos do Movimento Kaimbé no Estado de São Paulo – acompanhados pelo cacique Alex Wera Kaimbé esteve nesta quarta-feira (3) na Secretaria de Saúde de Itaquaquecetuba reivindicando que todos os índios que moram na cidade sejam vacinados contra a Covid-19.
O grupo foi recebido pelo secretário de Saúde, Edson Rodrigues, o Edson da Paiol, que ouviu deles a cobrança de vacinação contra a Covid-19 de todos os índios que moram em Itaquá. A liderança também pediu que fosse destinada uma UBSI (Unidade Básica de Saúde Indígena) e que fosse destacada para atender os nativos um agente indígena de saúde.
De acordo com o grupo, os pedidos se justificam porque, segundo eles, são tratados com preconceito nas UBS’s da cidade. Uma informação extraoficial partida da Secretaria dá conta de que existem 350 familias indígenas vivendo em Itaquá.
Segundo Silvia Kaimbé, que detém o cargo de conselheira do Movimento, um Censo realizado há cerca de 11 anos, em Itaquá, mostrou já naquela época que a cidade tinha 1.300 indígenas. “Já dá pra ter uma ideia de que passado esse tempo todo o nosso povo já aumentou muito”, disse.
Sílvia Kaimbé ainda explanou que “segundo o entendimento do governo federal para o índio ser vacinado ele tem de viver em terras demarcadas”. “Independente de vivermos no contexto urbano (na cidade) temos de ser vacinados”, pondera.
Ela reforça a tese ao falar que em Guarulhos, cidade vizinha de Itaquá, a população indígena já está sendo vacinada. “O mesmo tem de acontecer aqui e o secretário de Saúde adiantou que a população indígena será vacinada”. No entanto, o grupo que saber quando isso vai acontecer.
“Parentes” consanguíneos lutam contra a contaminação do coronavírus
Na cultura indígena existe uma forma de tratamento entre os índios – independe de sua etnia – eles chamam um ao outro de parente, o que equivale a irmão, na nossa cultura “europeizada”.
Um fato importante de ser registrado é que a Silvia Kaimbé e Alex Wera Kaimbé são primos de Vanuza Kaimbé, 50, a primeira indígena vacinada oficialmente no Brasil.
Vanuza Kaimbé é assistente social, técnica em enfermagem e promove assistência médica e social em uma aldeia que acolhe indígenas vindos de todo o país: a Aldeia Filhos Dessa Terra, que fica em Guarulhos.
O que diz a prefeitura
A reportagem indagou a Prefeitura de Itaquá sobre a demanda dos indígenas e a administração, por meio de sua Assessoria de Imprensa, respondeu; “O Plano Nacional de Operacionalização da Vacina contra a Covid-19, feito pelo Ministério da Saúde, contempla apenas povos indígenas vivendo em terras indígenas no grupo prioritário. O Plano Estadual de Imunização também inclui somente índios aldeados. Ou seja, os que vivem no meio urbano não entram na conta neste primeiro momento, que é o caso dos que residem em Itaquaquecetuba.
O secretário municipal de Saúde, Edson Rodrigues, recebeu os indígenas e explicou que a prefeitura segue as determinações dos governos federal e estadual. O município estuda e aguarda as recomendações do grupo estadual para viabilizar a vacinação dos indígenas urbanos”.