Por: Eduardo Geraque/Geledés
A vida no Quilombo de Ivaporunduva, no Vale do Ribeira, em São Paulo, era muito mais difícil em outros tempos avisa Benedito Alves da Silva, 55, o Ditão.
A luta que acabou encorpada nos anos 80 começa cada vez mais a dar frutos. O registro do quilombo no cartório de imóveis de Eldorado, cidade mais próxima, saiu. Luta que durava 14 anos. O fim do isolamento geográfico está muito perto de ocorrer. No fim do mês, a tão sonhada ponte que liga o quilombo ao outro lado do rio Ribeira de Iguape, a estradas e cidades, será oficialmente inaugurada. De um lado, será mais fácil escoar a produção de banana, principal fonte de renda das cem famílias que vivem no quilombo. Mas, de outro, pessoas estranhas à comunidade, formada por 400 “compadres”, podem aparecer com mais frequência. “Não somos contra a tecnologia, o desenvolvimento. Mas um dos nossos desafios é manter a comunidade assim. Todos se conhecem. As decisões são coletivas”, diz José Rodrigues da Silva, um dos líderes do quilombo.