Fonte: UOL
No litoral do Brasil, dois povos que vivem às margens do Oceano Atlântico, em duas áreas que foram uma das primeiras a ser ocupadas pelos colonizadores, na Bahia e em São Paulo, vivem experiências distintas, embora próximas, em relação a pandemia. Rosilene Tupinambá é liderança indígena e conselheira de saúde que vive em Ilhéus (BA), na TI Tupinambá de Olivença, onde residem cerca de 5 mil tupinambás. Os primeiros casos de covid surgiram dentro da TI após um indígena ficar internado em um hospital. A partir daí a covid-19 se alastrou e causou mortes, conta Rosilene. Sem contar com o apoio efetivo do governo federal, os Tupinambá se organizaram por conta própria tanto para criar .
Rosilene Tupinambá é liderança indígena e conselheira de saúde que vive em Ilhéus (BA), na TI Tupinambá de Olivença, onde residem cerca de 5 mil tupinambás. Os primeiros casos de covid surgiram dentro da TI após um indígena ficar internado em um hospital.
A partir daí a covid-19 se alastrou e causou mortes, conta Rosilene. Sem contar com o apoio efetivo do governo federal, os Tupinambá se organizaram por conta própria tanto para criar barreiras sanitárias quanto para garantir a autossuficiência alimentar. Problemas crônicos, como o saneamento básico e o abastecimento de água, que é atribuição da Sesai/MS, se tornaram ainda mais críticos em um contexto de pandemia. “A nossa preocupação maior era porque as lideranças corriam risco e as infecções dentro das aldeias aumentaram muito. Então precisamos nos organizar por conta própria, com parceiros locais, para tentar conter o vírus”, relata Rosilene Tupinambá. (…)
A exclusão dos indígenas do contexto urbano da vacinação se repete na Bahia: 33 mil indígenas fora do plano de imunização vivem em áreas não demarcadas ou em contexto urbano na Bahia. Sem prioridade, embora morram mais em relação à população em geral e registrem mais casos, os indígenas precisam enfrentar a pandemia por conta própria. Mas, no caso dos Tupinambá, a experiência em recorrer às ervas medicinais e o conhecimento ancestral indígena para combater e prevenir a covid coincide com o que foi feito pelos Guarani Mbya em São Paulo.
Cristine Takuá é uma liderança Guarani Mbya que vive na Terra Indígena Ribeirão Silveira, entre as cidades de Bertioga e São Sebastião, em São Paulo. Cristine conta que o principal método de enfrentamento que os Guarani Mbya adotaram na sua região foi o fortalecimento da medicina tradicional (…)
Além disso, os Mbya articularam diversas conversas com agentes de saúde, professores e figuras importantes na comunidade para articular a entrada e saída de pessoas, restringindo ao máximo a circulação. “Nós colocamos esse conhecimento ancestral, tão primoroso e valioso, na prática. E estamos construindo no dia a dia as nossas estratégias de sobrevivência”, conta Cristine Takuá.
Nenhum caso grave foi registrado na comunidade. E os Guarani Mbya conseguiram vencer a covid-19.
(Por Mauricio Angelo )