Fonte: Apib

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), com suas organizações de base e parceiros, construíram o relatório “Nossa luta é pela vida” para expor as diferentes dimensões dos impactos da pandemia da Covid-19 entre os povos indígenas do Brasil. Esse documento traça um panorama dos primeiros oito meses (março – novembro) dessa crise sanitária e humanitária, que ampliou as violações dos indígenas no país.

Nossa luta é pela vida é um material que integra as ações de controle social do plano “Emergência Indígena”, instrumento construído pela Apib para cobrar do Governo Federal o cumprimento do seu dever constitucional de proteger os povos indígenas e organizar frentes de ação para o enfrentamento emergencial da pandemia.

Nesse relatório denunciamos as ações e omissões do governo Bolsonaro que agravaram os conflitos sociais dentro e fora dos territórios indígenas e que, durante a pandemia, foram fatores determinantes para que a contaminação direta de mais da metade dos 305 povos indígenas, que vivem no Brasil, tenha acontecido.

A Apib e suas organizações de base também apresentam, nesse material, o acompanhamento da notificação de casos e óbitos da Covid-19 desde que os primeiros casos no Brasil, entre os povos indígenas, foram relatados. Trata-se de um esforço coletivo que marca historicamente a participação dos povos indígenas, como protagonistas, na luta por um subsistema de saúde diferenciado, um direito assegurado pela Constituição Brasileira. (…)

A área de abrangência de atuação da ARPINSUDESTE inclui os estados de São Paulo e Rio de Janeiro. De acordo com o Censo do IBGE de 2010, no Estado de São Paulo, vivem 41.794 indígenas autodeclarados. No estado do Rio de Janeiro, vivem 15.894 indígenas autodeclarados, totalizando 57.688 pessoas. Se for aplicada a taxa de crescimento geral estimado pelo IBGE 2010-2020, de 11%, a população indígena residente nos estados em que a regional atua pode ser de mais de 64 mil pessoas. Entretanto, uma parte significativa desses indígenas vive em contexto urbano, em condições de invisibilidade e sem muita proximidade com as organizações indígenas ou com o poder público. Nesse sentido, a ArpinSudeste desenvolve uma
ação permanente de busca ativa das famílias indígenas que vivem em contexto urbano e que, com a pandemia, estão ainda mais vulnerabilizadas (…)

Em contexto urbano, a ARPINSUDESTE mantém contatos regulares com 19 núcleos familiares indígenas, sobretudo na região da Grande São Paulo. Somam-se a eles os coletivos de estudantes indígenas e seus familiares que vivem, principalmente, nos municípios de São Carlos e em Campinas. Só no estado de São Paulo, os indígenas em contexto urbano somam em torno de 521 famílias, 2.148 pessoas e 36 núcleos, de acordo com informações preliminares fornecidas por lideranças indígenas.

As ações visam ao apoio das famílias no enfrentamento contra a pandemia, através da aquisição e distribuição de cestas básicas, kits de higiene e EPIs, assim como a promover a realização de projetos de soberania alimentar. A regional também tem construído seu plano de enfrentamento, que tem como objetivo estruturar centros de saúde com equipamentos e insumos médicos, além de realizar testes de Covid-19. Ações de reflorestamento e recuperação ambiental também estão incluídas no planejamento da regional, contando também com frentes de desenvolvimento de cadeias de valor para produtos indígenas, com intuito de promover a autonomia dos povos indígenas em sua geração de renda (…)