Fonte: Agência Pública
Seguindo o rito legal, a Elecnor concluiu o “Estudo de Componente Quilombola”, onde são analisados todos os impactos da obra sobre as comunidades. O documento, de 262 páginas, chegou a ser distribuído em março para os moradores, mas ainda faltavam os dois pontos mais importantes do processo de consulta: explicar o estudo para os quilombolas e ouvir a sua opinião. “Ter um papel de 300 páginas com estas informações técnicas não representa nada, é apenas uma etapa formal. Na que tange à compreensão das pessoas é muito desigual. Muitas lideranças são mais velhas, têm dificuldades de leitura, ainda mais com um tema espinhoso como esse”, esclarece Carolina Bellinger, assessora da coordenação da Comissão Pró-Índio de São Paulo, entidade que trabalha com os quilombolas da região desde o final dos anos 1980.
“As grandes empresas da região vão ser beneficiadas, em Juruti, Parintins… Mas o povo ribeirinho só vai ficar com o prejuízo. Só vai ver a energia passar e sem benefício nenhum”, prevê Raimundo Ramos da Silva, liderança da comunidade Muratubinha. O canteiro de obras — e posteriormente as torres — vão ficar no caminho entre as casas e o Rio Amazonas, de onde muitas famílias tiram o sustento. O trânsito de pessoas será liberado, mas as casas que ficam em uma faixa de até 40 metros de distância das torres terão de ser removidas. Segundo Bellinger, a empresa não fornece informações claras sobre o traçado final da obra, nem quantas moradias serão demolidas.