MAIOR COMPLEXO DE BARRAGENS DE MINERAÇÃO DA AMAZÔNIA

As 32 barragens da Mineração Rio do Norte (MRN) representam um número significativo no universo total das barragens de mineração no Brasil. A MRN ocupa a quarta posição dentre as mineradoras que possuem o maior número total de barragens no país. Segundo o Grupo de Ensino, Pesquisa Educação, Mineração e Território (EduMiTe), Oriximiná ocupa o quarto lugar no ranking de municípios do Brasil com maior número de barragens de mineração.

Trata-se do maior complexo de barragens de mineração da Amazônia. Segundo dados da Agência Nacional de Mineração (ANM), em julho de 2025, a Mineração Rio do Norte (MRN) tinha 24 barragens ativas, 4 em descaracterização, 1 inativa e 3 em construção. 30 das barragens estão situadas no interior da Floresta Nacional Saracá-Taquera, Unidade de Conservação Federal, a jusante de comunidades ribeirinhas. As outras duas estão na área do porto da empresa, a 430 metros do Quilombo Boa Vista.

Riscos
Duas das barragens da MRN são classificadas com alto Dano Potencial Associado (DPA) que é o dano que pode ocorrer devido a rompimento ou mau funcionamento de uma barragem, independentemente da sua probabilidade de ocorrência, a ser graduado de acordo com as perdas de vidas humanas, impactos sociais, econômicos e ambientais. Ainda segundo a ANM (2025), 27 estruturas são consideradas como DPA médio e 3 como DPA baixo.

De acordo com os Planos de Ação de Emergência para Barragens da MRN, não existem comunidades ou residências na(s) Zona(s) de Autossalvamento das barragens localizadas na Flona de Saracá-Taquera. De forma semelhante, o plano de emergência das duas estruturas localizadas na área do porto afirma que “as Zonas de Autossalvamento para os cenários apresentados no estudo de inundação não apresentam instalações ou construções fixas, além daquelas que fazem parte do empreendimento”.

Assim, alega a empresa que, em um eventual rompimento das estruturas, não haverá risco direto à vida humana. Essa afirmação contraria estudos anteriores da própria MRN que indicavam riscos para a população ribeirinha e quilombola em caso de desastre. E deixa as comunidades com a sensação de insegurança e vulnerabilidade.

Falta Transparência
A falta de acesso aos resultados das fiscalizações realizadas pela Agência Nacional de Mineração nas estruturas da Mineração Rio do Norte aumenta o sentimento de insegurança. Diversas vezes, a Comissão Pró-Índio de São Paulo solicitou à Agência Nacional de Mineração o acesso aos relatórios das vistorias das estruturas da MRN, o que foi negado sob a alegação de que os mesmos têm caráter sigiloso de acordo com a Lei de Propriedade Industrial.

Dessa forma, a sociedade não dispõe de acesso integral a dados confiáveis e auditados pela Agência Nacional de Mineração que permitiriam uma avaliação independente sobre a situação de segurança das barragens.

Para saber mais:

Barragens de Mineração na Amazônia: o rejeito e seus riscos associados em Oriximiná

Antes a Água era Cristalina, Pura e Sadia – Percepções quilombolas e ribeirinhas dos impactos e riscos da mineração em Oriximiná, Pará

Barragens na Floresta Nacional Saracá-Taquera

A área industrial da Mineração Rio do Norte e as barragens de rejeitos estão situadas no interior da Floresta Nacional Saracá-Taquera no platô Saracá, o primeiro a ser explorado pela MRN no período de 1979 a 2014.

A estrutura para disposição, secagem e adensamento dos rejeitos gerados no processo de beneficiamento da bauxita e para reserva de água da MRN inclui:

  • 01 Reservatório de água (TP 1).

  • 02 Reservatórios de rejeitos diluídos (TP 2 e TP 3).

  • 27 Reservatórios de rejeitos adensados (SPs).

  • 03 Lagos de recuperação de águas dos SPs (Lago Urbano, Lago L 1, Lago Pater) e 01 Lago de recuperação (L 2) adjacente ao TP 2 (ponto de adução de água para a planta de beneficiamento).

Barragens no porto: Água Fria e A1

A MRN tem duas barragens nas proximidades do Rio Trombetas: a Barragem A1 que iniciou a operar em 1979 e a Barragem Água Fria que opera desde 1996. A Terra Quilombola Boa Vista (titulada em 1995) está situada a apenas 430 metros jusante das barragens.

As duas barragens são estruturas de contenção de sedimentos e clarificação da água que absorvem toda a drenagem da área industrial do Porto (dos pátios de estocagem de minério, do virador de vagão e do depósito de bauxita seca) com objetivo de garantir a manutenção da qualidade do efluente final para o Rio Trombetas.