Cerca de 133 entidades assinam carta denunciando medidas que violam direitos humanos e colocam em risco a proteção ambiental
Organizações e entidades ambientalistas, indígenas, de direitos humanos e do campo decidiram se unir em um movimento de resistência contra as medidas do governo Temer e da bancada ruralista que violam direitos humanos – especialmente de indígenas e de trabalhadores rurais – e colocam em risco a proteção do meio ambiente. O grupo lança hoje uma carta pública convocando outras entidades e a sociedade a aderirem ao movimento. Até o momento, cerca de 133 organizações já assinaram o documento.
Denunciar e resistir são as palavras que unem as organizações e entidades em um movimento coordenado de resistência. Com atuação nacional e capilaridade em todas as regiões, o grupo atuará em frentes parlamentares, jurídicas e de engajamento social e não poupará esforços para impedir que o governo Temer e os ruralistas façam o Brasil retroceder décadas em termos de preservação ambiental e de direitos humanos.
Os ataques à agenda socioambiental não são recentes, mas o enfraquecimento dos sistemas de proteção do meio ambiente e dos direitos humanos cresce exponencialmente desde que Temer assumiu a cadeira da presidência e, consequentemente, a bancada ruralista passou a integrar o centro do poder. Para o movimento, Temer representa hoje a maior ameaça que o meio ambiente e a agenda de direitos tem de enfrentar.
O atual presidente já ordenou cortes de verbas no orçamento do Ministério do Meio Ambiente, determinou o sucateamento da Funai, abandonando os índios, e colocou um general na presidência do órgão, evidenciando a visão ditadora do governo para as questões indígenas. Vale lembrar também que, juntamente com o crescimento de desmatamento, 2016 registrou dois tristes recordes: o número de mortes no campo e a quantidade de conflitos por terra. Isso sem contar as barbáries mais recentes, como o brutal ataque ao povo indígena Gamela (Maranhão) e a chacina de trabalhadores rurais em Colniza (Mato Grosso). E quais são as áreas de maior conflito? Justamente as de expansão da fronteira, especialmente do agronegócio, mas também da mineração, dos projetos de geração de energia e de outras obras de infraestrutura.
Situações como essas podem ser apenas a ponta de um terrível iceberg. As MPs 756 e 758, por exemplo, reduzem áreas de proteção na Amazônia, enquanto a MP 759 beneficia a grilagem de terras, elimina o conceito de uso social da terra e extingue a reforma agrária. Outras medidas que liberam a venda de terras para estrangeiros e autorizam o uso indiscriminado de agrotóxicos já foram anunciadas por integrantes do governo. Diversos processos de demarcação de terras indígenas foram devolvidos pelo Ministério da Justiça e encontram-se paralisados – lembrando que o atual ministro da pasta ataca constantemente os povos indígenas. Já o Ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, que é investigado na Operação Lava Jato e também por grilagem de terras no Mato Grosso, negocia a redução de Unidades de Conservação na Amazônia e agora apoia um desastroso texto que pode reduzir a quase zero as regras de licenciamento ambiental no Brasil.
Fica claro que a aprovação de medidas propostas pela bancada ruralista resultará em maior concentração fundiária, inviabilidade econômica de pequenos produtores rurais, beneficiamento da grilagem de terras públicas e mercantilização dos assentamentos rurais e da reforma agrária, além de afastar o Brasil do cumprimento de compromissos internacionais assumidos em convenções sobre clima e sobre biodiversidade.
Muitas dessas propostas estavam paradas por falta de apoio popular ou até por desrespeitarem a Constituição, mas agora tais medidas encontram na bancada ruralista, que domina o Congresso e o Planalto, força para seguir no parlamento em velocidade recorde, via medidas provisórias, decretos e votações urgentes. Nem mesmo direitos garantidos pela Constituição estão a salvo.
Os principais retrocessos que podem vir por aí:
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O enfraquecimento do licenciamento ambiental (PL 3.729/2004 – Lei Geral de Licenciamento)
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A anulação dos direitos indígenas e de seus territórios (PEC 215/2000 – Acaba com demarcação de Terras Indígenas (TIs) e PEC 132/2015 – Indenização a ocupantes de TIs)
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A redução das áreas protegidas e Unidades de Conservação (UCs) (MP 756/2016 e MP 758/2016 – Redução de UCs da Amazônia no Pará)
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A liberação de agrotóxicos (PL 6299/2002 – PL do Veneno e PL 34/2015 – Rotulagem de Transgênicos)
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A facilitação da grilagem de terras, ocupação de terras públicas de alto valor ambiental e fim do conceito de função social da terra (MP 759/2016)
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O ataque a direitos trabalhistas de trabalhadores do campo (PL 6422/2016 – Regula normas do trabalho rural, PEC 287/2016 – Reforma previdenciária e PLS 432/2013 – Altera o conceito de trabalho escravo)
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O ataque a direitos de populações ribeirinhas e quilombolas. (MP 759/2016 e PL 3.729/2004)
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A flexibilização das regras de Mineração (PL 37/2011 – Código de Mineração)
- 350.org
- Abraço Guarapiranga
- ABECO/Associação Brasileira de Ciência Ecológica e Conservação
- ABONG/Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais
- Actionaid
- AdT/Amigos da Terra
- AFES/Ação Franciscana de Ecologia e Solidariedade
- Aldeia Guarani Kalipty – Parelheiros
- Aldeia Guarani Tenondé Porã – Parelheiros
- AMAR/Associação de Defesa do Meio Ambiente de Araucária
- Amazônia Real
- Amazon Watch
- ANA/Articulação Nacional de Agroecologia
- Andi/Agência de Notícias dos Direitos da Infância
- APIB/Articulação dos Povos Indígenas do Brasil
- APROMAC/Associação de Proteção ao Meio Ambiente
- Apremavi/Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida
- Articulação para o Monitoramento dos Direitos Humanos no Brasil
- Associação Coletivista Dom Helder Câmara
- Associação Bem-Te-Vi Diversidade
- Associação Comunitária Amigos do Meio Ambiente para a Ecologia, o Desenvolvimento e o Turismo Sustentáveis
- Associação Mico-Leão-Dourado
- AWIRE/Aliança Multiétnica de Permacultura
- BVRio
- BJHRF/Bianca Jagger Human Rights Foundation
- Bicuda Ecológica
- Cáritas Nacional
- CASA Brasil/Conselho de Assentamentos Humanos Sustentáveis
- Casa Ecoativa – Ilha do Bororé
- CBJP/Comissão Brasileira Justiça e Paz
- CEBES/Centro Brasileiro de Estudos de Saúde
- CEBI/Centro de Estudos Bíblicos
- CEDENPA/Centro de Estudos e Defesa do negro do Pará
- CECVI/Centro de Educação e Cultura Vale do Iguape
- CDDHEP/Centro de Defesa dos Direitos Humanos e Educação Popular do Acre
- CIMI/Conselho Indigenista Missionário
- Comissão Dominicana de Justiça e Paz do Brasil
- Comitê Nacional em Defesa dos Territórios Frente à Mineração
- Comissão Pró-Índio de São Paulo
- CONAQ/Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas
- Conectas Direitos Humanos
- Conselho Quilombola da Bacia e Vale do Iguape
- CONTAG/Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares
- Coração Amazônico
- Cooperapas/Cooperativa Agroecológica dos Produtores Rurais de Água Limpa -SP
- Clímax Brasil
- CNS/Conselho Nacional das Populações Extrativistas
- Consulta Popular
- CPT/Comissão Pastoral da Terra
- CUT/Central Única dos Trabalhadores
- EarthCode Project
- Engajamundo
- Escola de Ativismo
- Espaço de Formação Assessoria e Documentação
- FAOR/Fórum da Amazônia Oriental
- FASE/Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional
- Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social
- FURPA/Fundação Rio Parnaíba
- Gambá/Grupo Ambientalista da Bahia
- Greenpeace Brasil
- Grupo Carta de Belém
- Grupo de trabalho de atendimento a comunidades indígenas da Defensoria Pública da União/GT Indígenas DPU
- IBASE/Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas
- ICV/Instituto Centro de Vida
- IDESAM/Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas
- IDS/Instituto Democracia e Sustentabilidade
- IEMA/Instituto de Energia e Meio Ambiente
- Iniciativa Verde
- Intersindical – Central da Classe Trabalhadora
- IMAFLORA/Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola
- Imargem – Arte, Meio Ambiente e Convivência
- IMAZON/ Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia
- INESC/ Instituto de Estudos Socioeconômicos
- International Rivers Brasil
- Instituto Pólis
- Instituto Avaliação
- IPAM/Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia
- IPESA/Instituto de Projetos e Pesquisas Socioambientais
- ISA/Instituto Socioambiental
- Justiça Global
- Justiça nos Trilhos
- Liga Brasileira de Lésbicas
- Mater Natura – Instituto de Estudos Ambientais
- MAB/Movimento dos Atingidos por Barragens
- MAM/Movimento pela Soberania Popular na Mineração
- MCP/Movimento Camponês Popular
- Marcha Mundial do Clima
- MMC/Movimento de Mulheres Camponesas
- Mogave/Movimento Garça Vermelha
- MNCCD/Movimento Nacional Contra Corrupção e pela Democracia
- Movimento Contra o Aeroporto de Parelheiros
- Movimento Aeroporto de Parelheiros NÃO!
- Movimento pela Moralidade Pública e Cidadania
- Movimento Social Via do Trabalho – Bahia
- MPA/Movimento dos Pequenos Agricultores
- MST/ Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
- MTST/Movimento dos Trabalhadores Sem Teto
- MUDA-SP/Movimento Urbano de Agroecologia de São Paulo
- Núcleo de Estudos das Diversidades, Intolerâncias e Conflitos – Diversitas/USP
- Núcleo de Pesquisa e Extensão em Ambiente, Socioeconomia e Agroecologia/NUPEAS-UFAM
- Observatório do Clima
- Observatório de Favelas, da favela da Maré, Rio de Janeiro
- OCCA/Observatório dos Conflitos do Campo – Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)
- ONG Coração Amazônico
- Organon/Núcleo de estudo, pesquisa e extensão em mobilizações sociais da UFES
- Oxfam Brasil
- PAD/Processo de Articulação e Diálogo entre Agências Ecumênicas Européias e Parceiros Brasileiro
- PHS/Hospitais Saudáveis
- PFDC/Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão do MPF/Ministério Público Federal
- PJR/Pastoral da Juventude Rural
- Plataforma Operária e Camponesa para Energia
- Projeto Volume Vivo
- Polo de Unidade Camponesa – Bahia
- PPBioMA/Rede de Pesquisa em Biodiversidade Mata Atlântica
- RAMH/Rede Acreana de Mulheres e Homens
- RBMA/Conselho Nacional Reserva da Biosfera da Mata Atlântica
- Rede Brasileira de Informação Ambiental
- Rede GTA/Grupo de Trabalho Amazônico
- Rede Novos Parques
- Rede ODS Brasil
- SAVE Brasil
- Sinfrajupe/Serviço InterFranciscano de Justiça, Paz e Ecologia
- SBE/Sociedade Brasileira de Espeleologia
- Slow Food Brasil
- SNE/Sociedade Nordestina de Ecologia
- SOS Mata Atlântica
- Terra de Direitos
- Toxisphera Associação de Saúde Ambiental
- UBM/União Brasileira de Mulheres
- Uma Gota no Oceano
- UNALGBT/União Nacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais
- Via Campesina
- WWF Brasil