Segundo Rita Izsák, quilombolas enfrentam discriminação e racismo adicionais. Avaliação foi divulgada ao Conselho de Direitos Humanos da ONU nesta semana
A relatora especial das Nações Unidas sobre questões de minorias, Rita Izsák, apresentou ontem (15/03) ao Conselho de Direitos Humanos da ONU suas avaliações sobre a conjuntura brasileira. O documento se baseia nos dados levantados pela relatora em visita ao Brasil realizada em setembro de 2015.
Segundo Rita Izsák, no Brasil, a violência, a criminalização e a pobreza “continuam a ter uma cor”, afetando de forma desproporcional a população negra do país. Apesar de duas décadas de políticas e ações para consolidar direitos, a relatora avalia que não se alcançou o objetivo de superar a arraigada situação de discriminação, exclusão e pobreza vivida pela população afrobrasileira, especialmente a que vive em favelas, na periferia e nos quilombos.
Comunidades Quilombolas
Especificamente com relação às comunidades quilombolas, Izsák afirma que apesar de mais de 20 anos de reconhecimento do direito de suas terras pela Constituição Federal, sua efetividade é insatisfatória. Como consequência, diz a relatora, milhares de comunidades quilombolas ainda continuam lutando pela viabilidade econômica, social e política.
Outro ponto destacado foi o consentimento livre, prévio e informado, considerado um princípio central para a proteção das comunidades quilombolas que procuram manter o controle de suas terras sob a pressão de atores estatais e privados. Segundo o informe, tal direito não tem sido implementado adequadamente com graves consequências para as comunidades e meios de vida tradicionais.
Entre as Recomendações apresentadas por Rita Izsák estão a adoção de procedimentos mais racionais e eficientes para a demarcação das terras quilombolas e que assegurem o envolvimento das comunidades, além de medidas que aumentem a capacidade do Incra para lidar com os conflitos envolvendo as terras quilombolas e seus recursos naturais. A relatora recomenda também o respeito ao direito de consentimento livre, prévio e informado em todas as decisões que os afetem.
Confira o relatório:
Com informações da ONU
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