“Planejamento traz estratégias. Ainda precisamos de mais esclarecimentos para saber como essas questões de planejamento podem trazer mais elementos para apoiar na preservação do território como está”, Cleucilene – Quilombo Abui.
Nos dias 21 a 24 de julho, a Associação Mãe Domingas, a Cooperativa do Quilombo e a Comissão Pró-Índio de São Paulo promoveram a primeira série de oficinas destinadas a apresentar e discutir novas ferramentas para planejamento e gestão territorial no território Alto Trombetas onde vivem cerca de 180 famílias distribuídas em cinco comunidades.
As duas oficinas, facilitadas por Stéphanie Nasuti e Vanusa Babaçu, foram viabilizadas com o apoio de ICCO e do PNUD. As oficinas transmitiram fundamentos teóricos sobre as noções de planejamento, gestão e suas aplicações ao território. Os conceitos foram trabalhados a partir de atividades em grupo, utilizando um material diversificado: reflexão sobre pequenos textos; caracterização dos principais elementos do território e das várias dimensões que o compõem; desenho de mapas identificando as principais áreas de uso; e, identificação das potencialidades e fraquezas do território.
As oficinas constituem a primeira atividade do projeto desenvolvido pela Associação Mãe Domingas, a Cooperativa do Quilombo e a Comissão Pró-Índio com o objetivo de construir o plano de gestão do Território Alto Trombetas.
“Com certeza a gente quer preservar para que o que temos permaneça ao longo dos tempos. O que eu entendo por planejamento territorial é tudo que a gente tem de fazer de forma que não prejudique nosso futuro. Para mim, é elaborar nossas ações para não prejudicar o que nós temos”,Albenize – Quilombo Abui.
O Território Quilombola Alto Trombetas
A Terra Quilombo Alto Trombetas foi parcialmente titulada em 2003 pelo Instituto de Terras do Pará, com 61.211,9600 hectares em nome da Associação Mãe Domingas.
A outra porção do território, que soma 151.923 hectares, encontra-se em processo de titulação pelo Incra. O Relatório Técnico de Identificação dessa porção do território encontra-se tecnicamente aprovado desde abril de 2013 mas não é publicado por determinação do Incra em Brasília até que se chegue a um acordo com o ICMBio uma vez que a mesma encontra-se sobreposta a duas unidades de conservação.
Além do desafio de garantir a titulação de suas terras, os quilombolas do Alto Trombetas lutam para fazer valer o seu direito frente aos planos de expansão da área de extração de bauxita da Mineração Rio do Norte em suas terras a partir de 2021. A empresa é a maior produtora de bauxita do Brasil e tem entre seus acionistas grandes empresas como Vale do Rio Doce, Rio Tinto e Billiton.
Saiba mais sobre os quilombolas de Oriximiná em: www.quilombo.org.br
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