CORONAVÍRUS | POVOS INDÍGENAS EM SÃO PAULO
Essa página foi criada para reunir notícias sobre o avanço do novo coronavírus (COVID-19) entre os povos indígenas no Estado de São Paulo e divulgar as iniciativas de apoio a esses povos no enfrentamento da pandemia.
Em São Paulo, vivem 41.794 índios (IBGE, 2010). A maior parte da população indígena (91%) vive na zona urbana, fora de Terras Indígenas. Os cerca de 6.963 índios Mby’a, Tupi Guarani, Kaingang, Krenak e Terena habitam terras indígenas localizadas na faixa litorânea, no Vale do Ribeira, no oeste do Estado de São Paulo e na região metropolitana de São Paulo.
Segundo estudo da Fiocruz, povos indígenas são altamente vulneráveis às infecções respiratórias agudas. Evidências recentes confirmam, de acordo com a Fiocruz, que a introdução de vírus respiratórios em comunidades indígenas resulta em altas taxas de ataque e de internações, com potencial de causar óbitos. Mesmo fora dos períodos epidêmicos, as infecções respiratórias agudas se situam entre as principais causas de morbidade e mortalidade em populações indígenas, afetando sobretudo o segmento infantil.
A pandemia da COVID-19 representa em enorme risco aos povos indígenas e exige medidas urgentes do Poder Público conforme demandou a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) na nota “Medidas Urgentes em Defesa da Saúde e da Vida dos Povos Originários do Brasil” subscrita por diversas organizações indígenas e indigenistas, entre elas, a Comissão Pró-Índio de São Paulo.
Desde as primeiras notícias do agravamento da pandemia, lideranças indígenas em São Paulo se mobilizaram para fazer frente à doença. Medidas de isolamento social foram adotadas em diversas Terras Indígenas, inclusive com barreiras sanitárias.
Casos em São Paulo até 19 de agosto
Dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES-SP), obtidos pela CPI-SP por meio do Serviço de Informações ao Cidadão, indicavam em 19 de agosto, 688 casos positivos em Terras Indígenas em São Paulo, distribuídas em dez municípios. Esse número representa 9,88% da população em Terras Indígenas no estado que soma 6.963 pessoas.
A grande maioria dos casos registrados (91,4%) está concentrada nas Terras Indígenas da capital, o que pode ser explicado por fatores como: o fato de o surto viral ter chegado primeiro à Grande São Paulo; a maior proximidade e contato dos moradores das Terras Indígenas da capital com o entorno; e, por fim, o fato de as aldeias da capital terem sido amplamente testadas.
Com relação ao número de mortes, a Secretaria de Estado da Saúde registrou cinco mortes em aldeias do estado até 19 de agosto: quatro em aldeias da região sul da capital e uma em aldeia no município de Itariri.
Além disso, no controle da SES-SP constam sete óbitos de pessoas que vivem em área urbana e se identificaram como indígenas no quesito raça/cor. Segundo o IBGE (2010), 37.915 índios vivem em cidades no nosso estado.
O monitoramento da Secretaria de Estado da Saúde indicava, até 07 de agosto, 1.142 casos de COVID-19 em pessoas que se identificaram como indígenas no quesito raça/cor. Vale observar, porém, a limitação desse controle, uma vez que, em 15,6% do total (99.079 registros), o dado sobre raça/cor era ignorado ou estava em branco.